Link para os textos do especial:
Hannah e Suas Irmãs (Hannah and Her Sisters – 1986)
A filha mais velha de um casal de artistas, Hannah (Mia
Farrow) é uma dedicada esposa, mãe carinhosa e atriz de sucesso. Uma leal
defensora de suas duas confusas irmãs: Lee (Barbara Hershey) e Holly (Diane
Keaton), ela é também a espinha dorsal de uma família que parece se ressentir
de sua estabilidade quase tanto quanto dependem da mesma.
Na cena mais bela do filme, a que justifica sua inclusão nesse especial, Woody Allen captura aquela que
considero a melhor explicação para a vida. Seu personagem acreditava estar
prestes a morrer, entristecido também pela impossibilidade de sua esposa
engravidar, sem paixão com relação ao futuro, então ele caminha pela cidade sem
rumo por algumas horas, guiado apenas pela centelha de esperança que se recusa
a ceder perante a doença fatal que acredita ter. Ele chegou a apontar o cano de
um rifle para a própria cabeça, acreditando não haver motivação alguma em sua
existência. Nada parecia fazer sentido, até que ele entra numa sala de cinema
e, mesmo naufragando em um oceano de depressão, ele se surpreende sorrindo com
uma comédia dos Irmãos Marx.
O personagem conclui que, mesmo a vida sendo um passeio numa
montanha-russa de mais baixos que altos, que aqueles breves momentos de
conforto e alegria valem o preço do ingresso. E o elemento desconhecido
inerente a todos nós, que o perseguia com tantos questionamentos, nunca seria
plenamente revelado, independentemente do quão insistentemente perguntasse. Ele
então relaxa na poltrona, com todos os seus conflitos internos sucumbindo ao
peso daquele leve entretenimento, e se permitiu o prazer da diversão. O ânimo
adquirido naquela sessão motivou seu espírito a enfrentar mais um dia. E, um
ano depois, envolvido em uma relação muito mais feliz com outra mulher, num ato
inesperado do destino, ele se emociona por ter realizado o sonho de ser pai.
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