A Falta Que Nos Move (2009)
Cinco atores chegam à casa da diretora do filme para
vivenciar uma experiência cinematográfica. São filmados ininterruptamente, sem
deixar de seguir roteiros e cenas. Ficção e realidade se entrelaçam em meio a
histórias de uma geração que viveu à deriva e que agora se defronta com uma
ausência que move suas ações.
Eu simplesmente não consigo conceber a atual situação da
relação entre o público brasileiro e seu próprio cinema. Acabo de assistir pela
terceira vez o excelente “A Falta Que Nos Move”, obra dirigida por Christiane Jatahy, que não foi indicada a
você pelos protagonistas das novelas, experimentando a mesma catarse que senti
na primeira vez.
Os
atores: Pedro Brício, Cristina Amadeo, Dani Fortes, Marina Vianna e Kiko
Mascarenhas, realizam o sonho de todo ator, vivenciando uma experiência
incrivelmente estimulante. A melhor forma de assistir essa desconhecida obra-prima
é adentrar na casa junto com os atores, sem conhecer o truque, por essa razão
evitarei comentar muito sobre o que ocorre. O mérito maior da equipe foi ter
construído um produto que não perde valor enquanto mágica revelada, somente
instiga ainda mais, levando-nos a procurar entender que aquele microcosmo
reflete perfeitamente o macro. O choque de constatar que somos todos atores em
tempo integral, seguindo mediante a aceitação de nossas fragilidades e
frustrações, aprendendo a lidar com a inexorável aproximação do fim. Somos
parte de uma experiência, independente que a façamos ser prazerosa ou plena em
autocomiseração, escolhemos rotas conforme os limites da estrada nos são revelados.
Como pode um filme tão rico ser ignorado pelo seu próprio povo?
O filme foi lançado em DVD, porém você não foi
informado por propaganda na televisão. Busque nas locadoras e lojas, assista e seja surpreendido. Entenda que o cinema nacional produz filmes ótimos,
medianos e ruins, como toda filmografia do mundo, mas, infelizmente, depende
exclusivamente do seu interesse em conhecer e desbravar esses
talentos.
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