Duas fitas nostalgicamente sofríveis, a cópia fajuta de um
dos maiores sucessos de Steven Spielberg, e uma das maiores bizarrices que já
receberam sinal verde de uma produtora. Não fazem falta alguma no mercado de
DVD.
Mac – O Extraterrestre (Mac and Me - 1988)
Encaixotando Helena (Boxing Helena – 1993)
É impressionante o número de crianças que dizem que morriam
de medo do “E.T.”, mas, com certeza, elas não devem ter assistido “Mac – O Extraterrestre”.
Eu literalmente corria da frente da televisão quando aparecia o alienígena ou
os membros de sua família, com aquele modo de andar esquisito. Acredito que,
por eles terem uma forma mais humana, a sensação de estranheza era maior.
Diferente do sentimentalismo elegante do clássico de Spielberg, nessa pérola de
ruindade do fraco diretor Stewart Raffill, cada cena é pensada com o objetivo
de extrair as lágrimas do público. O menino que vira amigo do alienígena, Jade
Calegory, é paralítico na vida real, um artifício utilizado pelo roteiro sem
nenhum senso de sutileza. A produção, cópia vergonhosa da trama do irmão mais
famoso, tem momentos que me remeteram aos filmes da fase final dos Trapalhões,
quando o product placement era inserido de forma bizarra, levando a crer que
estamos assistindo uma propaganda da Coca-Cola e do McDonalds, com direito até
a uma absurda sequência de dança dentro do estabelecimento. E o final? Os
alienígenas acabam se tornando cidadãos americanos, vestidos a caráter. Ao
ejetar a fita do aparelho, surpreso, eu percebo que ainda morro de medo desse
filme.
“Encaixotando Helena”, a bomba dirigida pela filha de David
Lynch. Essa fita causou rebuliço na época, não parava nas prateleiras das
videolocadoras. Meus pais alugaram escondidos, já que não queriam que eu
assistisse. Até hoje eu me recordo do pavor deles, alguns meses depois, quando
eu cheguei com o VHS de “Perdas e Danos”, com aquela capa maravilhosa. Não
havia internet, então o boca a boca era poderoso, com pessoas que diziam que
nunca haviam assistido nada mais chocante. O gerente da videolocadora, querendo
lucrar, contava para os clientes que alguém já tinha devolvido a fita com raiva,
reclamando que a esposa chegou a passar mal assistindo. Aquela informação era
praticamente um cheque assinado em branco, os clientes pagavam até uma locação
a mais, somente para que a fita ficasse mais tempo em seu poder. Meu pai trouxe
o estojo preto numa Sexta à noite, sem fazer alarde. Claro que acabei
assistindo antes deles. E, com o olhar de uma criança, já sabia que tinha
perdido meu tempo com uma grande bobagem. Em teoria, a obsessão de um médico
por uma garota, levando-o ao ponto de cortar seus membros e encaixotá-la, tinha
tudo para resultar em um filme fantástico, mas a solução encontrada no terceiro
ato é, no mínimo, broxante.
***
Devido ao ótimo número de acessos, o especial agora fará
parte do blog. Em breve, novos textos...
Sensacional! sem mais
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