Fala Sério, Mãe! (2017)
Adaptado do livro homônimo de Thalita Rebouças, com roteiro
do craque Paulo Cursino, especialista em transformar conceitos simples em
pequenas pérolas, Dostoiewski Champangnatte e Ingrid Guimarães, o filme entrega
exatamente aquilo que promete, diversão despretensiosa e boa dose de emoção,
especialmente no terceiro ato, garantindo momentos de genuína ternura, algo que
faz desta comédia um programa perfeito para toda a família. O diretor Pedro
Vasconcelos se redime do fraco “O Concurso”, de 2013, demonstrando maior
segurança e personalidade.
A trama acompanha Ângela (Ingrid Guimarães em momento
inspirado, apesar de não evitar fugir de sua zona de conforto) e a filha Malu
(Larissa Manoela, que já encantava em “O Palhaço”), desde o nascimento até o
fim da adolescência. A grande sacada é dividir a narrativa em duas partes, dois
pontos de vista, mãe e filha, as duas com química certeira em cena, elemento
que agrega maior sensibilidade e favorece a revisão. Vale salientar que o ritmo
não é prejudicado, o texto flui com tranquilidade entre o melodrama sutil e o
humor escrachado que é trabalhado de forma objetiva. O roteiro conhece o
público-alvo e opta por uma estrutura episódica, televisiva, facilmente absorvida,
porém, nunca simplista.
Por trás de toda a neurose da mãe, há insegurança, solidão,
camadas que a atriz gradativamente insere, compondo um arco que se complementa
com inteligência na segunda parte, conscientemente menos focada em gags, potencializando
o carisma de Larissa Manoela como veículo de identificação do público
adolescente no processo de humanização da caricatura projetada de sua mãe até
então, fazendo com que seu conto de maturidade soe sincero e coerente, mais do
que em muitos similares hollywoodianos celebrados do gênero nos anos oitenta.
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