terça-feira, 9 de janeiro de 2018

"Fala Sério, Mãe!", de Pedro Vasconcelos


Fala Sério, Mãe! (2017)
Adaptado do livro homônimo de Thalita Rebouças, com roteiro do craque Paulo Cursino, especialista em transformar conceitos simples em pequenas pérolas, Dostoiewski Champangnatte e Ingrid Guimarães, o filme entrega exatamente aquilo que promete, diversão despretensiosa e boa dose de emoção, especialmente no terceiro ato, garantindo momentos de genuína ternura, algo que faz desta comédia um programa perfeito para toda a família. O diretor Pedro Vasconcelos se redime do fraco “O Concurso”, de 2013, demonstrando maior segurança e personalidade.

A trama acompanha Ângela (Ingrid Guimarães em momento inspirado, apesar de não evitar fugir de sua zona de conforto) e a filha Malu (Larissa Manoela, que já encantava em “O Palhaço”), desde o nascimento até o fim da adolescência. A grande sacada é dividir a narrativa em duas partes, dois pontos de vista, mãe e filha, as duas com química certeira em cena, elemento que agrega maior sensibilidade e favorece a revisão. Vale salientar que o ritmo não é prejudicado, o texto flui com tranquilidade entre o melodrama sutil e o humor escrachado que é trabalhado de forma objetiva. O roteiro conhece o público-alvo e opta por uma estrutura episódica, televisiva, facilmente absorvida, porém, nunca simplista.

Por trás de toda a neurose da mãe, há insegurança, solidão, camadas que a atriz gradativamente insere, compondo um arco que se complementa com inteligência na segunda parte, conscientemente menos focada em gags, potencializando o carisma de Larissa Manoela como veículo de identificação do público adolescente no processo de humanização da caricatura projetada de sua mãe até então, fazendo com que seu conto de maturidade soe sincero e coerente, mais do que em muitos similares hollywoodianos celebrados do gênero nos anos oitenta. 

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