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Deixai-nos Viver (Let Us Live –
1939)
Uma das raízes do ciclo Noir,
essa pequena joia dirigida por John Brahm evoca “Vive-se Uma Só Vez”, de Fritz
Lang, que havia sido lançado dois anos antes, também protagonizado por Henry
Fonda, com uma crítica social sem polimento, brutal, simbolizada na
frase dita pela garçonete vivida por Maureen O’Sullivan, ao ver que a desesperança já havia consumido
seu noivo, um pobre taxista, às vésperas de sua execução por um crime que não havia cometido,
ela afirma que ele era um jovem puro e patriótico que acreditava na justiça e
na verdade, antes de ter suas crenças na humanidade destruídas impiedosamente
por um sistema judiciário falho. Os policiais e juízes são mostrados como insensíveis encabrestados por uma burocracia impulsiva que parece facilitar o erro. O júri não poderia estar menos interessado em deliberar sobre o caso, todos limitados por uma visão sem tons de cinza, sem qualquer traço de empatia.
O que mais gosto no roteiro é que, apesar do rapaz ser salvo da morte na cadeira elétrica na última hora, não há redenção, não há senso de vitória em seu rosto transformado pela experiência, o seu espírito foi irremediavelmente quebrado, o que retornou às ruas foi um homem cínico e amargurado, provavelmente o criminoso de amanhã. O sistema pegou uma alma boa e devolveu para a sociedade um farrapo humano. A fotografia de Lucien Ballard capta com perfeição essa mudança de atitude, compondo a atmosfera opressora representada pelas sombras que passam a ocultar com frequência parte do rosto do protagonista. Fonda retornaria ao mesmo tema em "O Homem Errado", dirigido por Hitchcock em 1956. O'Sullivan peca por uma atuação dois tons acima, o ponto fraco do projeto, mas nada que prejudique o resultado. Dá pra sentir a influência visual dessa obra em filmes como "Fúria Sanguinária" e até mesmo "Eraserhead", de David Lynch.
O que mais gosto no roteiro é que, apesar do rapaz ser salvo da morte na cadeira elétrica na última hora, não há redenção, não há senso de vitória em seu rosto transformado pela experiência, o seu espírito foi irremediavelmente quebrado, o que retornou às ruas foi um homem cínico e amargurado, provavelmente o criminoso de amanhã. O sistema pegou uma alma boa e devolveu para a sociedade um farrapo humano. A fotografia de Lucien Ballard capta com perfeição essa mudança de atitude, compondo a atmosfera opressora representada pelas sombras que passam a ocultar com frequência parte do rosto do protagonista. Fonda retornaria ao mesmo tema em "O Homem Errado", dirigido por Hitchcock em 1956. O'Sullivan peca por uma atuação dois tons acima, o ponto fraco do projeto, mas nada que prejudique o resultado. Dá pra sentir a influência visual dessa obra em filmes como "Fúria Sanguinária" e até mesmo "Eraserhead", de David Lynch.
* O filme está sendo lançado em DVD
pela distribuidora “Studio Classic Filmes”.
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