A criança aprende pelo exemplo, ela começa imitando aqueles
que a cercam, ela precisa escutar os pais folheando as páginas dos livros, após
um dia longo de trabalho, ou numa manhã de um final de semana tranquilo. Ela
precisa ser surpreendida com o desligar da televisão e do computador, após o
jantar na casa humilde ou na mansão, sendo estimulada a acompanhar os pais,
sentada no sofá ao lado, compartilhando o sábio silêncio de mentes trabalhando.
Enxergar perifericamente os olhos do adulto se aproximando do final de uma página,
fascinada por aquele universo que o encanta, tentando igualar aquela
velocidade, vencer a figura terna de autoridade. E, inteligente, o adulto carinhoso, consciente dessa linda batalha lúdica, deixa o filho acreditar que é
mais rápido.
Com esperta teatralidade, a mãe desliga as luzes e acende
velas, captando a criatividade da criança com o bruxulear mágico, formando
sombras nas linhas que os pequenos olhos perseguem com o dobro de
atenção. As aventuras elaboradas pelos autores se amalgamam à emoção
despertada pelo ambiente, uma sensação que nenhum jogo eletrônico poderia
emular. Ao invés de despejarem um smartphone ou um tablet nas mãos das
crianças, os pais responsáveis presenteiam seus filhos com livros. A criança
precisa assistir os pais admirando por vários minutos aquela estante repleta de
capas coloridas, tendo sua curiosidade instigada na direção de descobrir quais
maravilhas se escondem naqueles tomos.
O pai inteligente pode até se dar ao luxo de inicialmente
reprimir a aproximação da criança, afirmando teatralmente que ela precisa ter
muito cuidado com aqueles objetos extremamente importantes, já que o proibido é
um elemento que atrai com maior intensidade. O filho pequeno entenderá que, ao
tocar aqueles livros especiais, está se empoderando e agindo como um
homenzinho, adentrando um mundo novo de incríveis possibilidades. Então, o pai,
com o sorriso de quem sabe que está criando um ser humano potencialmente
valoroso, promete ajudar o filho a desbravar aquela magnífica aventura
literária. Os pais precisam ser os heróis da criança, liderando sempre pelo
exemplo, conquistando o respeito por merecimento. Caso todos os brasileiros
tivessem essa consciência, nossa nação não estaria atravessando esse miserável
momento cultural.
Colocar um filho no mundo precisa ser uma atitude
consciente. A parentalidade irresponsável é a gênese de grande parte dos nossos
maiores problemas.
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