quinta-feira, 18 de dezembro de 2014

"Mulheres ao Ataque", de Melissa Stack


Mulheres ao Ataque (The Other Woman - 2014)
A sensação que tive ao longo do filme foi de que o roteiro havia sido escrito por uma amadora. Depois constatei que Melissa Stack assinou, de fato, seu primeiro longa-metragem, abusando até de piadas sobre excrementos, que assim como as similares no gênero sobre flatulências, são um excelente indicativo de um profissional com pouquíssimas referências, sem o necessário estofo cultural no próprio estilo em que se aventura. Para ter uma ideia do desastre, sobra espaço até para aquela batida cena de observação à distância, ao som do clássico tema de “Missão: Impossível”. Nem os especiais de final de ano da Xuxa utilizavam esse artifício. É incrível pensar que uma mulher escreva um material tão essencialmente machista. Não há virtuosismo na direção que salve um esqueleto narrativo em estágio terminal de osteoporose. E Nick Cassavetes é um diretor talentoso, que já provou isso no seu roteiro original “Alpha Dog” e tirando leite de pedra na melhor adaptação do universo literário de Nicholas Sparks: “Diário de Uma Paixão”.

Cada situação cômica é trabalhada à exaustão, fazendo com que até mesmo Cameron Diaz, uma força carismática de pouco talento, acabe se tornando enjoativa em caras e bocas forçadas. Marilyn Monroe era tão limitada quanto, porém parecia genial defendendo textos escritos por Billy Wilder. Diaz, nas mãos frágeis de uma roteirista insossa, não tem a mesma sorte. Existe química entre Diaz e suas colegas de cena Leslie Mann e Kate Upton, mas elas vivem personagens cujas motivações são volúveis, pouco críveis até mesmo para os padrões das sitcoms televisivas. É uma visão desnecessariamente estereotipada, com amizades que se fortalecem com apenas uma rodada de bebida ou na execução do clichê desgastado da montagem de dança. Quando elas se revoltam, o roteiro resolve tudo com a óbvia utilização do laxante e outras traquinagens adolescentes que caberiam perfeitamente na série “Loucademia de Polícia”. Caso transpostas para a vida real, das páginas do roteiro, essas mulheres seriam completamente insuportáveis.

Caso esteja interessado em comédia tematicamente similar, mas com resultados infinitamente mais satisfatórios, fique em casa e reveja “O Clube das Desquitadas”, de 1996, com Goldie Hawn, Diane Keaton e Bette Midler. Impressionante como a sociedade e a indústria do entretenimento regrediram e se infantilizaram, em menos de duas décadas. 

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