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Drácula (Dracula – 1931)
A trama conta a história do advogado Renfield (Dwight Frye),
que chega ao castelo do Conde Drácula (Bela Lugosi), na Transilvânia, para finalizar
o contrato de aluguel de uma propriedade em Londres. Ele não sabe, mas seu
nobre anfitrião é um vampiro.
Bela Lugosi. Apenas esse nome já bastaria para indicar a
importância dessa obra na história do cinema de horror. O primeiro filme falado
a lidar com um tema sobrenatural, responsável por tornar o “Universal Studios”
uma referência no gênero, superado apenas pela “Hammer”, décadas depois.
Como adaptação, possui falhas, como o fato de minimizar a
personagem Lucy (Frances Dade), que se torna uma figura de decoração, e a
equivocada alteração do Dr. Seward (Herbert Bunston), que se torna o pai da
trágica Mina (Helen Chandler). O roteiro, no entanto, acerta com o personagem
Renfield (Dwight Frye), que dá o pontapé inicial na trama (papel de Jonathan
Harker, no original literário) transformando a esquisita caricatura imaginada
por Bram Stoker em alguém tridimensional. Muitos críticos americanos afirmam,
como elemento negativo, que o ritmo lento da narrativa se deve a uma maior
fidelidade à peça teatral (iniciada em 1924) do que ao livro, mas é um
pensamento equivocado. Mais de 40% da trama exposta no filme não existem na
peça, como toda a sequência passada na Transilvânia, além de detalhes menores,
como a viagem marítima do conde para a Inglaterra, um trajeto que ele percorre,
na peça, de avião.
A direção de Tod Browning não envelheceu bem, assim como
também não podemos ignorar alguns “buracos” (como a entrada de Van Helsing na
trama), mas a fotografia de Karl Freund, trabalhando muito bem as sombras como
ferramenta narrativa, estabelece o clima perfeito. É válido afirmar que o tempo
foi mais generoso com a versão espanhola, dirigida por George Melford e protagonizada
por Carlos Villarías, gravada ao mesmo tempo nos mesmos cenários, para o
mercado latino, mas o charme e a atmosfera da versão americana continuam
eficientes.
A Múmia (The Mummy - 1932)
Em 1921, uma equipe de arqueologistas no Egito, liderados
por Sir Joseph Whemple, descobre a múmia do príncipe Imhotep, que vivera há
3.700 anos e que, por ter cometido um sacrilégio, teve como castigo ser enterrado
vivo.
É interessante analisar que, em seu tempo, a obra serviu
como uma primária fonte de informação para a sociedade ocidental sobre o Egito
antigo. Ele serviu como base para a visão que seria compartilhada por vários
filmes similares ao longo dos anos. Assim como “King Kong”, mostra
implicitamente a forma superior como os americanos enxergavam o Oriente, uma
terra exótica, inferior e selvagem.
O genial alemão Karl Freund, responsável pela fotografia de
“Drácula” (e, anteriormente, “Metrópolis”, de Fritz Lang), foi escalado para
dirigir a obra que teria a missão ingrata de manter a “Universal” no caminho da
glória conquistada pelo já citado “Drácula” e “Frankenstein”. Ele chega a
utilizar a mesma técnica de iluminar apenas os olhos, como forma de transmitir elegantemente
a ameaça. Mais calcado no clima, que no “monstro” (vivido por Boris Karloff em
conjunto com o excelente trabalho prostético de Jack Pierce), a produção ousou
ao abordar um personagem que não havia se estabelecido no inconsciente coletivo
do público na literatura, como os dois anteriores. Sem um molde para se basear,
o roteiro segue em vários momentos a fórmula de “Drácula” (grande semelhança
entre o “Dr. Muller” e o “Van Helsing”, por exemplo). O tempo foi generoso com
o filme, sendo considerado hoje um dos melhores do ciclo de monstros do estúdio.
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