O filme está sendo lançado pela distribuidora “Versátil”,
que nesse ano está investindo em uma lacuna irresponsavelmente deixada pelas
majors: cinema asiático clássico. O box “Cinema Samurai” ainda traz mais 5
maravilhosos exemplares da fase de ouro dos Chambara. Imperdível!
Os 13 Assassinos (Jusan-nin no Shikaku – 1963)
Lorde Naritsugu comete todo tipo de crueldade e permanece
impune por ser irmão do Xogum, até que 13 assassinos são contratados para
detê-lo.
Esse é o primeiro e melhor filme da “Trilogia da Revolução
Samurai”, dirigida por Eiichi Kudo. Sua intenção era resgatar em um povo que
vivia uma estagnação política no pós-guerra, um senso de heroísmo e coragem,
nascido do confronto entre o individualismo rebelde e o autoritarismo. Ele faz
parte de um movimento realista/pessimista chamado “Zankoku (cruel) Jidaigeki”,
que potencializava a violência na tentativa de atrair o público japonês que já
começava a se interessar mais pelo entretenimento televisivo (problema que todas
as indústrias cinematográficas do mundo compartilharam), com tramas formulaicas
que serviam como preparação para longos desfechos de pura ação épica. E Kudo ousou
fazer isso nos estúdios Toei de Kyoto, berço do cinema fantástico (chamado de “Goraku
Jidaigeki”), que focava principalmente os adolescentes.
O roteiro busca inspiração clara em “Os Sete Samurais”, de
Kurosawa, mas também na tradicional lenda do código samurai do Bushido (caminho
do guerreiro): “Chūshingura” (47 Ronins). Seus personagens são estereótipos
amplamente utilizados no gênero, como o jovem inexperiente que passa a integrar
a equipe, movido apenas pela paixão. Outro ponto que vale ser salientado,
especialmente por provar a superioridade do original perante sua refilmagem
moderna (pelas mãos de Takashi Miike), é a bela fotografia em preto e branco de
Suzuki Jubei, potencializada em suas tomadas em ângulo baixo e limitadas pelo
espaço, que acaba agindo como um personagem próprio e ameaçador.
Resumindo, o “Zankoku” representou para o cinema samurai japonês,
o mesmo que o “Western Spaghetti” foi para o Western que era realizado pelos
americanos. Personagens corruptos, traidores e emoldurados por um clima permanente
de cinismo. De certa forma, esse estilo favorecia o sentido de honra inerente
aos samurais, já que uma atitude heroica tende a cegar com sua luz, quanto mais
escuro for o ambiente. E se torna impossível não se empolgar ao assistir a
batalha dos 13 valentes guerreiros contra o exército inimigo ao final.
maravilhoso esse filme. 13 assassinos. gosto muito dos 47 ronins (as três versões lançadas recentemente pela versátil home video.). Rafael Vespasiano. parabéns mais uma vez pelo resgate.
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