O filme em preto e branco, mudo ou falado, em suma, aquela
obra que foi lançada décadas antes de você nascer. É comum ler comentários de
adultos que citam estes títulos com a certeza de que resgatam algo
provavelmente esquecido, como se já antecipassem a resposta debochada:
"Isso não é do meu tempo, coroa". Por vezes, a própria pessoa já se
defende, dizendo de forma depreciativa que o filme é velho. Como assim? Velho é
aquilo que você conhece há muitos anos. Se você tem dezoito anos e está começando
a se interessar por cinema, TODOS os filmes já produzidos são NOVOS.
É importante, como crítico de cinema e um apaixonado
autodidata pelo garimpo desde a infância, utilizar este espaço para tentar
fazer você entender que, por mais que muitos jovens e adultos primem pelo
limitado pensamento imediatista, o mais correto é apreciar a arte como algo
atemporal. Aprofundando a análise, a forma como o indivíduo enxerga o passado é
sintomática de seu nível educacional. Vale traçar um paralelo com o desrespeito
generalizado com os idosos na sociedade. Como sempre afirmo, incentive em seus
filhos desde cedo o amor pelo garimpo cultural. Aquele que não vê beleza no
antigo, ou que sequer dá chance de conhecer estas obras, por preconceito tolo
ou preguiça, está fadado a acordar um belo dia e perceber que já não é mais
existencialmente relevante, afinal, envelheceu.
A pessoa debocha porque você está vendo um filme repetido. O
clássico "este eu já vi" simplesmente não faz sentido na apreciação
cinematográfica. O ato de rever um filme é fundamental. Imagine escutar a
canção apenas uma vez. Imagine beijar a pessoa amada apenas uma vez. Quem vê o
filme apenas uma vez enxerga no cinema um passatempo pueril, facilmente
substituível por uma partida de gamão, ou um treino de cuspe à distância. O
amor urge pelo reencontro.
Excelente!
ResponderExcluirMuito bom!
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