Sexta-Feira 13 - Parte 7: A Matança Continua (Friday the 13th Part 7: The New Blood - 1988)
Jason Vai Para o Inferno: A Última Sexta-Feira (Jason Goes to Hell: The Final Friday - 1993)
O primeiro filme é bom, o segundo é excelente, o terceiro e
o quarto são muito bons, o quinto é desprezível, o sexto é ótimo, apesar de
representar uma mudança drástica de tom, mas os quatro posteriores costumam ser
sempre citados como bombas nucleares. E, de fato, eles são mesmo. “Jason X” e “Sexta-Feira
13 – Parte 8: Jason Ataca Nova York” merecem constar na lata de lixo da
história do gênero. O problema é que eu tenho um carinho especial por “Sexta-Feira
13 – Parte 7” e “Jason Vai Para o Inferno”, ainda que enxergue todos os
defeitos, são meus guilty pleasures na querida franquia do assassino imortal de
Crystal Lake.
O diretor John Carl Buechler pode não ter demonstrado muito
talento em seu ofício, as atuações no sétimo filme estão entre as piores da
série, mas é inegável que contribuiu impecavelmente para a cultura pop mundial
ao lutar com os produtores pela escalação de Kane Hodder, amigo com quem havia
trabalhado em um projeto anterior, para viver Jason Voorhees. Os engravatados
do estúdio não enxergavam no rapaz o senso de ameaça, afinal, qualquer dublê
poderia defender as cenas do monstro mudo com o rosto coberto por uma máscara.
Mas o diretor sabia que Hodder traria algo novo, seguiu sua intuição, os fãs
agradecem até hoje! O segredo é que ele realmente amedrontava as suas vítimas
nas filmagens, a respiração pesada, a movimentação do corpo, a brutalidade com
que executava as coreografias intencionava transmitir para o elenco o real
sentimento de alguém que percebe que está nas mãos de um louco extremamente
agressivo. Aliada ao toque visual inteligente do diretor, que decidiu fazer pela
primeira vez a figura do assassino remetendo diretamente às várias “cicatrizes
de guerra” sofridas nas produções anteriores, esta versão consegue resgatar o
senso de perigo de um personagem que já havia se transformado em deboche. Quando
Jason é libertado da corrente que o manteve debaixo do rio por dez anos, apesar
da motivação tola envolvendo o trauma de infância da telecinética Carrie
genérica (vivida por Lar Park Lincoln), você se sente atraído por aquela
inexplicável força da natureza. Outro elemento que retorna em doses generosas
após o monástico sexto projeto é a nudez gratuita, maravilhosa distração que
compensa os diálogos constrangedores e o desenvolvimento patético dos
coadjuvantes jovens.
O nono filme já não é tão fácil de defender, qualquer pessoa
acima dos dez anos de idade é capaz de concluir que não é bom. O problema é que
eu tinha dez anos quando ele estreou no Brasil. Aluguei várias vezes o VHS nos
anos seguintes, vibrei com a sequência final em que a luva do Freddy Krueger
aparece e carrega a máscara de Jason para o inferno, em suma, guardo boas
lembranças. Mas, analisando carinhosamente, vale ressaltar uma qualidade
inegável, o nível de gore é impressionante, algo que não era comum na franquia.
O diretor Adam Marcus consegue ser menos expressivo que o Buechler, o tom é de
projeto amador, o roteiro inventa uma irmã para Jason e uma adaga mágica que,
mesmo tendo visto várias vezes a obra, ainda não consigo entender como se
encaixa na trama. Kane Hodder infelizmente aparece menos desta vez, explode
logo no início, reaparece ao final como se nada tivesse acontecido, o “espírito”
do monstro vai possuindo corpos de vítimas, opção que, em teoria, serviria como
sopro de ar fresco, caso o conceito fizesse qualquer sentido na história. É uma
adorável bobagem despretensiosa com jeitão de picaretagem independente, sobra
espaço até para uma homenagem a H.P. Lovecraft e ao “Evil Dead”, de Sam Raimi,
utilizando em uma cena o livro Necronomicon, obviamente guardado na casa dos
Voorhees. A sequência inicial propõe uma crítica hilária às convenções do
slasher e da própria série, com a equipe da SWAT armando uma cilada para o
assassino, utilizando como cobaia uma beldade policial disfarçada de
descerebrada seminua adolescente.
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