O Segredo do Bosque dos Sonhos (Non si Sevizia um
Paperino – 1972)
Esse é daqueles filmes que, dois minutos depois do fim,
ainda se recuperando do impacto, você tem vontade de aplaudir de pé. Lucio
Fulci, diretor pouco valorizado, conseguiu criar um corajoso tratado único
sobre temas espinhosos como preconceito, pedofilia, hipocrisia, superstição e
religião, sem medo de controvérsias.
Vou evitar revelar muito sobre a trama, um tremendo
desserviço, especialmente nesse caso. Em um vilarejo dominado pelo misticismo,
crianças são assassinadas, conduzindo os policiais na direção de uma bruxa
praticante de vodu, vivida pela brasileira Florinda Bolkan. O roteiro abre o
leque de possibilidades, mostrando que todos são suspeitos, já que não há sinal
algum de qualquer senso de moralidade ou ética nas atitudes dos moradores. Até
mesmo as crianças, que acabam sendo vítimas, são apresentadas praticando atos
de sadismo, sem nenhum traço de empatia. O único que se mostra puro e
bem-intencionado é o padre. Uma das personagens, vivida pela bela Barbara
Bouchet, é uma viciada em drogas que busca reabilitação, uma jovem ousada que
parece ter uma fixação em se insinuar sexualmente para os meninos da região.
O mais interessante é como a história subverte qualquer
expectativa, inclusive, visualmente, uma característica simbolizada em uma das
cenas mais interessantes na história do Giallo, verdadeiramente inesquecível, um
brutal linchamento acompanhado na trilha sonora pela programação exótica de uma
estação de rádio, tendo, em seu ápice dramático a linda composição de Riz Ortolani: “Quei giorni insieme a
te”, cantada por Ornella Vanoni. A impressionante sequência ganha ares ainda
mais épicos e poéticos em revisão, conhecendo o desfecho da trama.
* O filme está sendo lançado em DVD pela distribuidora "Versátil" na caixa "Giallo", que conta também com: “Tenebre”, “O Estranho Vício da Sra. Wardh” e “Seis Mulheres Para o Assassino”, além de vários documentários muito interessantes.
Nenhum comentário:
Postar um comentário