Fatalidade (A Double Life - 1947)
O famoso ator de teatro Anthony John (Ronald Colman) tem
problemas com a sua vida privada devido às suas explosões imprevisíveis de humor.
Essa característica já lhe custou sua esposa, Brita (Signe Hasso) e ameaça
sabotar sua carreira. No entanto, Anthony faz as pazes com Brita e os dois
passam a trabalhar em uma nova encenação de Othello na Broadway. A peça é um
sucesso, agendando mais de 300 apresentações, mas a pressão de retratar um
homem disposto a matar por ciúme domina Anthony completamente.
Com uma interpretação que lhe rendeu um Oscar e um Globo de
Ouro, Ronald Colman vive um ator perturbado por sua própria arte. Auxiliado por
um ótimo roteiro do casal Ruth Gordon (que viveria a adorável Maude de
"Ensina-me a Viver") e Garson Kanin, o injustamente pouco lembrado
astro inglês entrega sua melhor interpretação, deslizando com inteligência
entre os três níveis psicológicos de seu personagem. Ele inicia galante e
bem-humorado, exercitando sua própria persona artística (o título da peça:
"gentleman´s gentleman", como ele era conhecido na época), depois
ficamos conhecendo sua dedicação dramática, quando interpreta em
"Othello", mas o ponto alto, do filme e de sua atuação, se encontra
no terceiro ato, quando ele sofre um colapso mental e perde totalmente o
controle de suas ações. Além de um excelente monólogo sobre a função do ator, somos
presenteados com a beleza de uma jovem Shelley Winters, em seu primeiro grande
papel no cinema. A atriz estava extremamente nervosa por contracenar com
Colman, fazendo com que o diretor George Cukor, durante as filmagens, pedisse
ao seu experiente protagonista que a levasse para lanchar nos horários livres,
para que ficassem amigos.
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