A pergunta aparece com frequência em comentários de
postagens sobre cinema, mas enxergo nela mais do que apenas o elemento precioso
da curiosidade.
O indivíduo verdadeiramente interessado busca estar
minimamente antenado, costuma alimentar o hábito da leitura de críticas, gosta
de conversar sobre o assunto, por conseguinte, sabe quando o texto é sobre um
projeto que está sendo lançado nas salas, ou aborda uma produção da década de
90 que já passou na televisão umas mil vezes. Numa comparação simples, o
torcedor que é apaixonado por futebol sabe a escalação atual de seu time do
coração.
Eu vivi o período das trevas, sem internet, caçando filmes
em locadoras de vídeo, sonhando com imagens de obras retratadas em revistas de
cinema, aguardando meses para conseguir um título raro em VHS,
arqueologicamente procurando em sebos e bibliotecas as informações sobre os
artistas e suas filmografias.
Aprofundando a reflexão, o ato de perguntar publicamente
algo cuja resposta pode ser encontrada em questão de segundos pela própria
pessoa em alguns toques na ferramenta de "Busca" da plataforma,
corrobora o argumento da preguiça intelectual, logo, a tentativa de disfarçar o
desinteresse galopante posando de cinéfilo devotado nas redes sociais. Como
sempre reforço, a valorização do "parecer ser", ao invés do mais
trabalhoso "ser". E, como crítico, creio que há conexão entre este
comportamento virtual e, por exemplo, a constatação da deselegância e do
desrespeito do público brasileiro na experiência coletiva da sala de cinema.
Enquanto a cultura for consumida cegamente apenas como
fast-food, tapa-buraco, tolo passatempo, nós iremos dividir sessões com toques
ininterruptos de celulares, conversas animadas sobre parentes exóticos de
estranhos e uma quantidade absurda de lixo acumulado nas poltronas, em suma,
variações terríveis da ausência de educação e empatia.
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