Lady Bird: A Hora de Voar (Lady Bird – 2017)
Serei objetivo, já que nada soa orgânico neste filme. É perfumaria
feminista indie das mais bregas, roteiro calculadamente pensado para atingir as
expectativas emocionais da garotada que abraça da forma mais rasa o importante movimento
como cafona modismo, diluindo tudo em palavras de ordem tolas e que cabem nas camisetas
vendidas a preços altos, defendidas por meninas altamente inseguras e rapazes
que escondem a sexualidade real num frágil disfarce social oportunista de nobre
ativista pela causa, em suma, todos ambicionando atenção, aplausos da massa de
manobra, ou, na hipótese mais baixa, lucro financeiro aproveitando o zeitgeist
atual na indústria.
Analisando a obra sem o peso do gigantesco (e nada espontâneo) hype, constato que os
diálogos são simplórios, ou apelam de maneira pouco criativa para clichês já
desgastados. Greta Gerwig, enquanto diretora inexperiente, consegue iniciar com
uma montagem brilhante mostrando o vazio dos rituais, mas se perde ainda no
primeiro ato, pecando pela pouca sutileza com que lida com as cenas, o ritmo não
engata nunca, porque o desenvolvimento dos personagens é morno, caricaturas que
poderiam ser melhor utilizadas em tramas essencialmente despretensiosas. O
cinema já encontrou diversas formas de retratar contos de amadurecimento, mas raras
vezes ousou tão pouco. A protagonista Christine, vivida por Saoirse Ronan,
prefere ser chamada de “menina pássaro”, a típica adolescente irritante que se
considera vítima das circunstâncias e que acredita que ter personalidade é chocar
outrem.
A construção do relacionamento entre ela e sua mãe (Laurie Metcalf),
elemento que poderia elevar a qualidade do material, acaba se resumindo a
discussões sobre tolices, com a jovem birrenta, mimada e maníaco-depressiva desfilando grosseria e recebendo
sermões homéricos, só que sem a inteligência refinada de um John Hughes, que
compreendia como poucos as angústias naturais deste período da vida. Em revisão, os problemas se intensificam, as escolhas narrativas se mostram ainda mais frágeis, incoerentes e dramaticamente pueris.
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