A Maior Aventura de Tarzan (Tarzan's Greatest Adventure - 1959)
O meu primeiro contato com Tarzan não foi através dos
quadrinhos, ou dos livros de Edgar Rice Burroughs, mas com este filme na
infância, em suas exibições na “Sessão da Tarde” e, anos depois, no “Cinema em
Casa”. Pouco tempo depois, em casa, em um VHS gravado de uma exibição na
televisão, conheci “Greystoke – A Lenda de Tarzan”, mas só fui apreciar melhor
a obra com a maturidade. Já na fase do garimpo adolescente nas locadoras de
vídeo, via todas as aventuras clássicas de Johnny Weissmuller que encontrava,
sempre em cópias bastante ruins. E, hoje, apesar de preferir o charme ingênuo e
o preto e branco destas fitas de baixo orçamento da RKO, Gordon Scott, que
estreou no papel em 1955, foi o Tarzan da minha infância. O seu melhor momento
é “A Maior Aventura de Tarzan”, roteirizado e dirigido por John Guillermin, que
faria no crepúsculo de sua carreira filmes como “Inferno na Torre” e “Morte
Sobre o Nilo”.
O produtor Sy Weintraub estava entrando na franquia e queria
modificar o tom, manter o escapismo, com mais fidelidade à origem literária e,
principalmente, direcionar o projeto para o público adulto. A macaca Chita
aparece rápido, sem interferir na história, o interesse pelo alívio cômico é
mínimo, o objetivo é estabelecer um senso real de perigo. Sem Jane, o herói
agora encontraria em seu caminho uma bela loira (Sara Shane) da cidade grande. E,
dentre os vilões, liderados pelo caçador vivido pelo respeitado Anthony Quayle,
temos Sean Connery pré-007, roubando cada cena. Se Scott, em sua penúltima
participação, não surpreende na atuação, ele também não faz feio, conseguindo
impor sua presença nas cenas de ação e nas poucas situações mais desafiadoras.
O senso comum preguiçoso costuma ignorar o filme, mas, em revisão recente, para
a preparação do texto, fiquei impressionado, merece constar nas listas de
melhores em seu gênero. A trama é simples, criminosos atacam uma aldeia
africana e roubam explosivos para extrair diamantes de uma mina, mas o roteiro
insere no terceiro ato alguns toques geniais que elevam o nível do material
para uma espécie de “O Tesouro de Sierra Madre” diluído, com a pegada sombria
dos faroestes de Anthony Mann.
A execução da metáfora ao final é de aplaudir de pé. O vilão
não quer apenas matar Tarzan, ele faz questão de fazer isso com uma lança para
enforcar animais selvagens. A batalha é intensa, o herói já começa ferido. Após
muito esforço, ele vence, limpa o sangue do rosto na água do rio e se sente
incomodado com seu próprio reflexo, ele não é um animal, ele é humano, a mesma
espécie daquele que acaba de enfrentar, consumido pela ganância. Tarzan então
vê a possibilidade de seguir viagem com a mulher de volta para a civilização,
mas, sem pensar muito, decide silenciosamente retornar para a floresta.
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