McQ - Um Detetive Acima da Lei (McQ - 1974)
McQ é um veterano da polícia de Seattle, um tenente que
poderia ser capitão, mas seu jeito "duro" com a bandidagem atrapalha
sua carreira. Ele e seu amigo e parceiro investigam o traficante Santiago, até
que o parceiro é morto. McQ de imediato quer ir atrás de Santiago, mas seus
superiores não lhe dão o caso. Ele então pede demissão e passa a agir como
detetive particular.
O jazz de Elmer Bernstein emula o som característico de Lalo
Schifrin, a identidade musical de “Dirty Harry”, filme de Don Siegel que ditou
o tom sombrio do cinema policial norte-americano da década de setenta. Se Clint
Eastwood, ícone do faroeste italiano, havia conseguido transpor sua persona das
pradarias selvagens para as ruas povoadas por junkies, o próximo passo óbvio
seria arriscar com o pai de todos os caubóis, John Wayne, afinal, ele rejeitou
o papel principal no clássico de 1971. É interessante imaginar como a história
poderia ter sido diferente caso a .44 Magnum tivesse caído nas mãos da primeira
opção dos produtores, Frank Sinatra. Ele estava com a mão machucada, Clint
aproveitou a oportunidade e redefiniu o gênero. Wayne acabaria trabalhando com
Siegel em sua belíssima despedida: “O Último Pistoleiro”.
“McQ” é dirigido por John Sturges, de “Fugindo do Inferno”, “Sete
Homens e Um Destino” e “Sem Lei e Sem Alma”, um artesão capaz de garantir o
refinamento necessário para um projeto que, desde o início, foi pensado como
uma tentativa de lucrar com o sucesso de “Dirty Harry”, oferecendo ao público uma
versão diferente da imagem consagrada de seu astro, que pela primeira vez
atuava como um policial. Se Harry portava uma .44 Magnum, McQ faz estrago com sua Ingram MAC-10, novidade na época. O roteiro de Lawrence Roman é simples, falta
polimento, mas entrega um desfecho ousado, fiel ao espírito decadente de obras
como “Operação França” e boa parte dos melhores da safra blaxploitation. A
idade avançada de Wayne pode ter preocupado o diretor, mas enxergo esse
elemento como algo altamente positivo, o espectador sente no rosto dele o
cansaço após uma perseguição a pé, o desconforto ao notar o flerte da
prostituta viciada de meia-idade interpretada por Colleen Dewhurst, ou o olhar
distante nas cenas em que descobre estar inserido em um sistema apodrecido, o
seu personagem trazia muito da angústia que o ator vivia no momento com o
término de seu relacionamento amoroso com Pilar Pallete.
* O filme está sendo lançado em DVD pela distribuidora "Studio Classic Filmes".
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