Tigres Voadores (Flying Tigers – 1942)
O Capitão Jim Gordon (John Wayne) lidera os Tigres Voadores,
uma lendária força de aviação de guerra não reconhecida pelo governo americano,
formada por pilotos mercenários em busca de vingança, aventura e honra. Os
homens pilotam modelos Curtiss P-40 e combatem os caças e bombardeiros
japoneses que invadem o céu da China.
Esta foi a primeira participação de John Wayne no gênero, em
uma trama que recicla desavergonhadamente vários elementos de “Paraíso Infernal”,
que Howard Hawks dirigiu três anos antes. Como bom filme de propaganda, o
interesse está em mitificar a coragem norte-americana perante o inimigo,
promovendo valores altruístas, enquanto retrata os japoneses de forma
grosseiramente caricatural. O colega, vivido por John Carroll, que só pensa na
recompensa que vai receber após a missão é levado a compreender o sofrimento
alheio, bonita cena em que uma criança chinesa oferece comida como forma de
agradecimento por seus esforços. O personagem modifica sua maneira de enxergar
a sua participação no conflito e encara seu teste de fogo no terceiro ato. O
investimento foi mais generoso que o usual nas produções da Republic Pictures,
você percebe maior refinamento nas cenas de batalha que utilizam registros
reais. O diretor David Miller foi um dos mais competentes e versáteis de sua
época, apesar de quase nunca citado, anos depois ele realizaria o excelente
noir “Precipícios d’Alma”, o comovente drama “Esquina do Pecado”, o impecável
faroeste “Sua Última Façanha” e a adorável comédia “Pavilhão 7”.
* O filme está sendo lançado em DVD pela distribuidora "Classicline".
Heróis de Malta (Malta Story – 1953)
O aviador britânico Peter Ross (Alec Guinness) está fazendo
um mapeamento fotográfico aéreo para a RAF da ilha de Malta, importante ponto
estratégico para os Aliados na Segunda Guerra Mundial. Durante um dos ataques
aéreos, Peter é obrigado a pousar na ilha, onde acaba conhecendo a jovem Maria
Gonzar (Muriel Pavlow), por quem se apaixona.
É curioso ver Alec Guinness em um papel tão diferente em sua
carreira, você percebe em certos momentos o desconforto dele, mas acaba
funcionando, já que é atitude coerente para o personagem. O diretor Brian
Desmond Hurst não imprime identidade, o roteiro se perde na fraca subtrama
romântica, mas é interessante a forma sóbria como o conflito é tratado,
dedicando tempo à estratégia de combate e, ponto muito positivo, mostrando a guerra por
todos os ângulos, não somente pela ótica dos militares. Ao contrário de boa parte dos projetos da época, não há interesse em tornar a batalha algo empolgante. Alternando registros
reais e reconstituições eficientes, há um senso documental que prevalece sobre
os valores da obra como puro entretenimento. Vale destacar também a alta qualidade de produção do estúdio Ealing e a presença sempre imponente de Jack Hawkins.
* O filme está sendo lançado em DVD pela distribuidora "Classicline".
Nenhum comentário:
Postar um comentário