sábado, 4 de novembro de 2017

"Tigres Voadores" e "Heróis de Malta"


Tigres Voadores (Flying Tigers – 1942)
O Capitão Jim Gordon (John Wayne) lidera os Tigres Voadores, uma lendária força de aviação de guerra não reconhecida pelo governo americano, formada por pilotos mercenários em busca de vingança, aventura e honra. Os homens pilotam modelos Curtiss P-40 e combatem os caças e bombardeiros japoneses que invadem o céu da China.


Esta foi a primeira participação de John Wayne no gênero, em uma trama que recicla desavergonhadamente vários elementos de “Paraíso Infernal”, que Howard Hawks dirigiu três anos antes. Como bom filme de propaganda, o interesse está em mitificar a coragem norte-americana perante o inimigo, promovendo valores altruístas, enquanto retrata os japoneses de forma grosseiramente caricatural. O colega, vivido por John Carroll, que só pensa na recompensa que vai receber após a missão é levado a compreender o sofrimento alheio, bonita cena em que uma criança chinesa oferece comida como forma de agradecimento por seus esforços. O personagem modifica sua maneira de enxergar a sua participação no conflito e encara seu teste de fogo no terceiro ato. O investimento foi mais generoso que o usual nas produções da Republic Pictures, você percebe maior refinamento nas cenas de batalha que utilizam registros reais. O diretor David Miller foi um dos mais competentes e versáteis de sua época, apesar de quase nunca citado, anos depois ele realizaria o excelente noir “Precipícios d’Alma”, o comovente drama “Esquina do Pecado”, o impecável faroeste “Sua Última Façanha” e a adorável comédia “Pavilhão 7”.








* O filme está sendo lançado em DVD pela distribuidora "Classicline".












Heróis de Malta (Malta Story – 1953)
O aviador britânico Peter Ross (Alec Guinness) está fazendo um mapeamento fotográfico aéreo para a RAF da ilha de Malta, importante ponto estratégico para os Aliados na Segunda Guerra Mundial. Durante um dos ataques aéreos, Peter é obrigado a pousar na ilha, onde acaba conhecendo a jovem Maria Gonzar (Muriel Pavlow), por quem se apaixona.


É curioso ver Alec Guinness em um papel tão diferente em sua carreira, você percebe em certos momentos o desconforto dele, mas acaba funcionando, já que é atitude coerente para o personagem. O diretor Brian Desmond Hurst não imprime identidade, o roteiro se perde na fraca subtrama romântica, mas é interessante a forma sóbria como o conflito é tratado, dedicando tempo à estratégia de combate e, ponto muito positivo, mostrando a guerra por todos os ângulos, não somente pela ótica dos militares. Ao contrário de boa parte dos projetos da época, não há interesse em tornar a batalha algo empolgante. Alternando registros reais e reconstituições eficientes, há um senso documental que prevalece sobre os valores da obra como puro entretenimento. Vale destacar também a alta qualidade de produção do estúdio Ealing e a presença sempre imponente de Jack Hawkins. 








* O filme está sendo lançado em DVD pela distribuidora "Classicline".

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