terça-feira, 2 de maio de 2017

"Guardiões da Galáxia, Vol. 2", de James Gunn


Guardiões da Galáxia, Vol. 2 (Guardians of the Galaxy, Vol. 2 – 2017)
O primeiro havia funcionado exatamente por ser um ponto fora da curva na fórmula desgastada (para qualquer pessoa acima dos doze anos de idade) do universo Marvel no cinema, o foco estava na trama e na construção dos personagens, apoiando o humor no carisma de seu elenco. No Volume 2 não há foco narrativo, o ritmo se arrasta bastante no segundo ato, o humor, com poucas exceções, soa forçado e tolo, como nas piadas repetitivas sobre a aparência, ou o apelido de alguém, infantilizando ainda mais o material que, em essência, já é direcionado ao público infanto-juvenil.

Até mesmo a seleção musical, muito inspirada no original, não soa orgânica desta vez, ou, nas vezes em que acerta, peca na execução, na integração da canção à cena. O resultado é divertido, intensamente agitado, com colorido vibrante, mas o fiapo de conflito estabelecido não se sustenta, a necessidade de abrir várias possibilidades para os próximos projetos enfraquece aquilo que deveria ser o sólido pilar emocional do filme: o relacionamento entre Peter Quill (Chris Pratt) e seu pai (Kurt Russell). E, após uma mínima evolução nesse sentido, utilizando cenas expositivas pouco engenhosas, sem nunca se aprofundar de forma madura nas consequências psicológicas do afastamento no filho, caminho que parecia ser natural com a escolha feita no início do anterior, o roteiro preguiçoso decide resolver a questão da forma mais convencional possível.

A utilização excessiva de Drax (Dave Bautista) como recurso cômico, algo bem equilibrado no anterior, faz com que sua figura se torne apenas patética, uma caricatura desprovida de alma, atraente para o público infantil, mas irritante para os mais velhos. Como definir a presença inglória de Sylvester Stallone? Um personagem desinteressante que é plantado na trama sem muito cuidado, utilizado rapidamente, sem brilho, na expectativa de que terá alguma função relevante no futuro. Ele pode ser importante nos quadrinhos, mas o roteiro, componente maltratado em nove entre dez aventuras adaptadas dos quadrinhos, precisa tornar ele minimamente importante no filme. É curioso que, em um produto tão mercadologicamente calculado, o único elemento que verdadeiramente funciona é o pequeno Groot (voz de Vin Diesel), adorável agente do caos.

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