terça-feira, 30 de maio de 2017

"Mulher-Maravilha" (1975), de Leonard Horn


Mulher-Maravilha (The New Original Wonder Woman - 1975)
Estabelecendo o contexto histórico correto da origem nos quadrinhos, o patriotismo norte-americano na Segunda Guerra Mundial, sintetizando a importância da personagem, defendida pela espetacular Lynda Carter, na empolgante música-tema, este piloto roteirizado por Stanley Ralph Ross consegue a proeza de, mesmo com muitos de seus efeitos datados, se manter eficiente hoje. O tom divertido e despretensioso agrada mais o público adulto que as tentativas modernas, que inserem elementos fantásticos em um cenário realístico, por vezes, pessimista, sombrio, o que sempre acho que torna o material original ainda mais bobo e infantil. 

O melhor arco narrativo da heroína nas páginas foi escrito por George Perez no final da década de oitenta, nenhum artista conseguiu traduzir com tanta criatividade a simbologia feminista imaginada por William Moulton Marston e sua esposa, Elizabeth, na edição 8 da “All Star Comics”, de 1941. É perceptível nas primeiras aventuras uma respeitosa reverência à maneira como Carter trabalhou a ingenuidade sincera e a bravura doce de Diana Prince. No ano anterior a produtora havia tentado engatar uma série da personagem protagonizada pela loira Cathy Lee Crosby, escolha equivocada em uma abordagem que pouco respeitava os fãs, tudo parecia perdido até o papel cair nas mãos certas.  O figurino idêntico agradava os leitores, assim como a presença das legendas retangulares, fiéis ao espírito dos gibis, informando os locais em transições de cenas, toque precioso que complementa a experiência. Para o papel de Steve Trevor, escolheram Lyle Waggoner, que havia chamado atenção em “The Carol Burnett Show”. Cloris Leachman, como a rainha-mãe amazona Hipólita, e Kenneth Mars, ecoando o líder nazista da clássica comédia “Primavera Para Hitler”, garantem sutil humor em suas cenas. A vilã, uma espiã nazista vivida por Stella Stevens, a estudante que se apaixona por Jerry Lewis em “O Professor Aloprado”, protagoniza um embate final altamente satisfatório em sua engenhosa coreografia, surpreendente quando comparado com o nível de ação similar em séries da época. Outro momento marcante é a transformação, o rodopio encantador que foi inserido de última hora, ideia da própria atriz, solucionando o que era um problema para os realizadores, recurso visual que logo depois foi adotado também nos quadrinhos. 

O mundo evoluiu em muitos aspectos, a indústria de cinema norte-americana está começando agora a investir sem medo em protagonistas femininas fortes, mas é imprescindível que se valorize o esforço pioneiro daquelas que aceitaram os riscos no passado. "Agora o mundo está pronto para você", frase da canção-tema, encarava a estupidez machista da época com gentileza. A atitude agora é outra, as heroínas metem o pé na porta e inspiram meninas no mundo todo. Aquele sorriso matador de Carter, escolha perfeita para fechar a história, representava a esperança que a personagem alimentava em sua origem, o fogo que abriu a clareira para o que as mulheres conquistaram hoje. E que seja apenas o início.

segunda-feira, 29 de maio de 2017

"Desejos Proibidos", de Max Ophüls


Desejos Proibidos (The Earrings of Madame de... - 1953)
Existem filmes que considero medicinais, poucos, conto nos dedos de uma mão, obras tão simples e perfeitas que resgatam minha esperança na humanidade. “Desejos Proibidos” entra nesta seleta lista. Um olhar superficial pode enxergar apenas um melodrama sobre uma dama (Danielle Darrieux) da alta sociedade parisiense dividida entre o amor de dois homens, o marido militar (Charles Boyer) e um simpático diplomata italiano (Vittorio De Sica), qualquer telenovela entrega este material. É muito mais que isto.

Quando a conhecemos, ela está em seu quarto explorando a dimensão de sua riqueza material, joias, vestidos, tudo o que o dinheiro pode comprar. Em uma visita rápida à igreja, cena inteligentemente tratada como alívio cômico, ela ora despretensiosamente pedindo que seu marido a presenteie com algo bonito. Louise é frívola, uma caricatura decadente do vazio existencial aristocrático, que preza mais por sobrenomes nobres. Nunca ficamos sabendo o dela, crítica já exposta no título original, o interesse está no indivíduo, a análise da pobreza inerente a todos que se se julgam superiores em sua ganância exagerada. E o roteiro genialmente utiliza um par de brincos como o elemento que nos conduz na história, o presente inicialmente dispensável, que gradativamente recebe valor agregado de relevância emocional.

O marido outrora havia oferecido a joia como demonstração de exibicionismo social, algo que se mantém hoje em dia nos rituais caríssimos que muitos abraçam pensando em satisfazer outrem, o amor reduzido a moeda de troca, que ela, em situação de necessidade, decide vender. A peça acaba nas mãos do diplomata, que genuinamente se apaixona pela mulher e, desconhecendo a origem da joia, devolve-a para a dona original, o presente não mais simbolizando superficialidade, mas, sim, a necessidade de expressar o sentimento proibido. O amor que ganha força a cada volta no salão de dança, em tempos distintos, o toque suave das mãos agindo como erótico desabrochar, a naturalidade lutando para vencer a crosta de farsa acumulada, a valsa entorpecente dos namorados admirada ao longe pelos olhos vigilantes daquele que se considera proprietário.

No terceiro ato, como forma de hipocritamente preservar sua honra, o general, tola mente tacanha movida pela violência, pede por um duelo. O embaixador, que preza pela lucidez e valoriza a paz, aceita o desafio consciente de que irá se sacrificar por um sentimento válido. Louise, já radicalmente transformada, retorna à igreja e agora ora dedicadamente pela vida do homem que ama. É uma pena que o aprendizado sempre venha com a dor.

domingo, 28 de maio de 2017

"Cairo 678", de Mohamed Diab


Cairo 678 (678 - 2010)
O novo filme do diretor, “Clash”, está sendo exibido em apenas uma sala de cinema no Rio de Janeiro, uma pérola que poucos irão ter a chance de conhecer. Eu gosto muito do anterior, um promissor filme de estreia, “Cairo 678”, que sempre recomendo como um excelente primeiro passo para aqueles interessados em conhecer o cinema egípcio.

“Sofremos para ser discretas e não chamar atenção”.

A culpa que a mulher sente, o pensamento tacanho que a escraviza em uma rotina de medo constante, a fonte de histórias reais que o roteirista/diretor utilizou para montar sua trama. Três mulheres de classes sociais diferentes, visões muito particulares sobre a repressão que sofrem, vítimas de assédio sexual. Fayza (Bushra) é bolinada todos os dias em suas viagens de ônibus, a péssima situação financeira a impossibilita de chegar ao trabalho de táxi, então, invariavelmente, ela se atrasa e é descontada pelo patrão, os filhos pequenos são humilhados na escola quando ela deixa de pagar uma mensalidade, uma situação terrível que se agrava ainda mais por ela ter um companheiro insensível, que pensa apenas em satisfazer seus desejos na cama, ele a enxerga como um objeto sexual. Atravessando esse martírio nas ruas, ela passa a evitar o marido, o que somente complica ainda mais sua rotina. Seba (Nelly Karim), após uma experiência traumática em um estádio de futebol, evento que faz com que seu namorado a abandone, dedica sua vida a incentivar o revide feminino. Nelly (Nahed El Sebaï) trabalha como atendente em call center, repreendida frequentemente por seu patrão, que não aceita que ela desligue na cara dos atrevidos. Ela tenta encontrar seu lugar ao sol como comediante stand-up, mas o público masculino não ri de suas piadas. As três mulheres, forças da natureza, acabam se unindo na tentativa de achar uma solução para a estupidez dominante no país.  

O absurdo de se justificar o injustificável é o caminho mais rápido para uma sociedade bestializada, começa-se aplaudindo o vandalismo em manifestações políticas, o estupro passa a ser culpa do figurino da vítima, cuspir no rosto de alguém se torna argumento válido em uma discussão, o extremismo em todas as áreas bloqueia o pensamento lúcido, os bons se calam, vence o medo. A mulher sofre assédio sexual, mas é coagida a não prestar queixa policial para não ter sua reputação manchada, cultura do estupro, uma realidade cruel naquele país, não como aqui no Brasil, terra em que estupradores são linchados até nas prisões, aqui o tema é utilizado como estratégia torpe da agenda ideológica da extrema esquerda nacional que, praticando dissonância cognitiva, luta contra a redução da maioridade penal, avaliza ditaduras em Cuba e Venezuela, e não enxerga a cultura da impunidade que favorece a classe política e seus ídolos de barro. 

É interessante que o futebol seja utilizado como cenário para o extravasamento da bestialidade, o trio de protagonistas adentra o estádio sabendo que, com a vitória da seleção, os torcedores irão molestar as mulheres. Não suporto este esporte, exatamente por já ter visto inúmeras vezes o grau de violência que parece mover grande parte dos fãs, do pai que incentiva o filho pequeno a debochar do colega, ou do idiota marombado e machista que xinga a namorada do torcedor do time adversário, até aqueles que são capazes de espancar uma criança para rasgar sua camiseta, ou pisar no rosto de uma mulher já desmaiada no asfalto, enquanto berram seus cânticos estupidamente tolos em que humilham estranhos. O toque genial de finalizar com a comédia agindo de forma ferina como instrumento de crítica, a vítima no palco, expondo sua mágoa com um sorriso no rosto, as feridas existenciais abertas, o público gradativamente percebendo que está gargalhando sem motivo algum. A verdade liberta a comediante, enquanto sua colega decide cortar o cabelo, esconder seu corpo. E aquela que já estava acostumada à clausura, retira o véu e explora as possibilidades estéticas do batom. Não é solução, não existe solução em curto prazo para algo tão arraigado na mentalidade do povo, mas o mais difícil é dar o primeiro passo na direção certa. 

quinta-feira, 25 de maio de 2017

TOP - 2008


1 - Sangue Negro (There Will Be Blood), de Paul Thomas Anderson
"... Um filme que parece pertencer à época de ouro da indústria, um refinado tratado sobre a ganância humana, sustentado pela atuação impecável de Daniel Day-Lewis..."


2 - Desejo e Reparação (Atonement), de Joe Wright
"... Como é bom ver o gênero do romance sendo tratado com inteligência e alguma ousadia. Melancólica e surpreendente, a trama é direcionada para adultos emocionalmente maduros..."


3 - Na Natureza Selvagem (Into The Wild), de Sean Penn
"... O elemento mais importante, o roteiro não faz do personagem um herói, muito pelo contrário, sublinha a irresponsabilidade inerente à sua decisão e, acima de tudo, no poderoso desfecho, a conscientização do erro cometido. O ser humano não precisa dos rituais, mas, sem dúvida, precisa ser humano..."


4 - Ensaio Sobre a Cegueira (Blindness), de Fernando Meirelles
"... Eficiente por mostrar o horror real, aquele que se esconde nas sombras de nossas personalidades. Basta trancafiar alguém em um quarto e não alimentar a pessoa por várias semanas..."


5 - Batman – O Cavaleiro das Trevas (The Dark Knight), de Christopher Nolan
"... O Coringa representa o desapego a qualquer civilidade, a bestialidade sem censura ou códigos éticos. Fisicamente, ele não constitui um perigo para o Batman, mas sua anarquia pode tornar o herói uma caricatura aos olhos do povo..."


6 - O Orfanato (El Orfanato), de J.A. Bayona
"... Guardem esse nome, J.A. Bayona é um tremendo diretor. O roteiro consegue ser reverente aos medalhões do gênero, focando na maldade dos homens, o terror genuíno..."


7 - Juno, de Jason Reitman
"... Um comédia indie com estilo e substância, algo raro. O texto deliciosamente mordaz é defendido por um elenco inspirado, com destaque para Ellen Page. Atual e corajoso..."


8 - Wall-E, de Andrew Stanton
"... A maturidade dos temas abordados é superior ao que encontramos em muitos dos dramas pretensiosos, sisudos, adultos. O futuro sedentário, a máquina solitária, o amor como solução, a Pixar dá mais uma aula de sensibilidade..."


9 - Onde os Fracos Não Têm Vez (No Country For Old Men), de Ethan e Joel Coen
"... O desenvolvimento é lento, o foco está na construção dos personagens, a ação que realmente empolga nasce de momentos aparentemente tranquilos, no pavor de não ser possível prever o que está na página seguinte do roteiro..."


10 - O Nevoeiro (The Mist), de Frank Darabont
"... Só pela crítica realizada ao fundamentalismo religioso, já mereceria destaque dentre tantas produções medrosas que são despejadas nas salas mensalmente. O terror nasce da expectativa, daquilo que não é visto, opção brilhante..."

sexta-feira, 19 de maio de 2017

"A Mulher Faz o Homem", de Frank Capra


A Mulher Faz o Homem (Mr. Smith Goes to Washington – 1939)
Inocente homem do interior (James Stewart) é convidado a se tornar senador dos Estados Unidos e aos poucos se descobre em um mar de lama que ameaça tudo o que ele acreditava em relação à bondade e ao caráter dos comandantes de seu país. 


A mão de Frank Capra pode pesar no piegas em certos momentos, mas poucos filmes souberam retratar tão bem o esforço de um elemento individual íntegro em um covil de serpentes. O roteiro nos apresenta um símbolo das reais qualidades que deveriam ser comuns aos homens que ingressam na política, mas deixando clara a razão que impede que essas qualidades sejam valorizadas: o ser humano é ambicioso. Apenas as crianças, seres ainda não tocados pelo instinto predatório dos adultos, conseguem enxergar os méritos na aparente causa perdida do protagonista. 

James Stewart me fez acreditar em Jefferson Smith. No famoso e emocionante discurso final do personagem no julgamento, exaurido física e mentalmente após horas falando ininterruptamente, apenas seu caráter o mantinha de pé. Nunca me esqueço da breve tomada que mostra o tímido sorriso de encorajamento do juiz, mesmo sabendo das poucas chances do rapaz. O juiz sabe que todos deveriam ter aquela coragem, mas, muito mais que isto, ele enxerga naquele alquebrado homem o motivo principal que o fez adentrar outrora em sua profissão.

* O filme está sendo lançado em DVD pela distribuidora "Classicline", com opção de dublagem em português.


"As Férias do Papai", de Henry Koster


As Férias do Papai (Mr. Hobbs Takes a Vacation - 1962)
Quando o cansado banqueiro Roger Hobbs (James Stewart) sugere à sua esposa (Maureen O'Hara) que os dois façam uma viagem romântica, ela sugere que eles tirem férias com a sua grande família. Mal imaginavam eles que mais de 10 pessoas iriam aparecer para essas "férias" e que um turbilhão de confusões estaria prestes a começar. 


Deliciosa comédia típica dos anos sessenta, com a bela Maureen O´Hara e James Stewart se divertindo fora de sua zona de conforto, em interpretação que o levou a receber o prêmio de Melhor Ator no Festival de Berlim. Com clara inspiração no trabalho de Jacques Tati, especialmente na cena em que Stewart confronta uma simples máquina e na sequência em que ele busca pássaros exóticos, o roteiro episódico abusa do humor físico e das inteligentes sacadas nos diálogos, incluindo também uma bela lição sobre união familiar. Excelente a sequência em que pai e filho se aproximam em um passeio de barco. 

Engraçado perceber a crítica que é feita à ascensão da televisão, que estava prejudicando a indústria de cinema, colocando-a como uma máquina maléfica (que só passa faroeste, uma possível piada interna com Stewart) que divide famílias. A presença do ídolo fabricado da época: Fabian, numa tentativa frustrada de emular o carisma de Elvis Presley, conduz para um desnecessário, ainda que breve, interlúdio musical. A trilha sonora de Henry Mancini emoldura com perfeição e habitual elegância a ótima produção.

quarta-feira, 17 de maio de 2017

"Errado pra Cachorro", de Frank Tashlin


Errado Pra Cachorro (Who’s Minding the Store? – 1963)
Considero exagerada a influência de Frank Tashlin nos voos solo de Jerry Lewis, não vejo o segundo como um pupilo, mas, sim, como um professor generoso. Basta rever as obras de ambos os diretores, para constatar que muitas comédias do primeiro, especialmente aquelas fora da parceria com Martin/Lewis, não resistiram ao teste do tempo, enquanto que os filmes dirigidos por Lewis seguem com a mesma força. Tashlin iniciou profissionalmente na área da animação infantil, um traço leve que ele carregou para seus projetos adultos. Os críticos franceses adoravam filmes como “Ou Vai ou Racha”, “O Rei dos Mágicos” e “Artistas e Modelos”, que eu considero medianamente suportáveis, prejudicados pela união da leveza exagerada dele com a tendência de Lewis para o sentimentalismo.

Mas, dentre todos os seus filmes, o meu favorito é “Errado Pra Cachorro”. É um dos poucos em que a trama central não envolve um protagonista interessado em uma escalada social. Muito pelo contrário, o Norman Phiffier, vivido por Lewis, faz questão de merecer cada centavo recebido nos trabalhos mais inusitados, ficando revoltado ao descobrir que sua namorada, vivida pela bela Jill St. John, a ascensorista da loja de departamentos, na realidade, é a filha rica do dono. Ele é pobre e se sente honrado com sua condição, enquanto que o núcleo da família da namorada é mostrado sempre em tons caricaturais, pessoas que se mostram pouco confortáveis em sua grandiosa mansão. A câmera, em ângulos que enfatizam a antinaturalidade daquele elefante branco, como na sequência inicial, passeia lentamente pelo local, que, com ajuda de espelhos, acaba tomando dimensões ainda maiores. A forma encontrada por Tashlin para criticar esse mundo é inserir um elemento de caos, a anarquia representada por Lewis, o atrapalhado que, sem intenção, acaba destruindo toda aquela falsidade. A bagunça episódica remete aos trabalhos de Jacques Tati, que, tenho certeza, aprendeu muito com o norte-americano, basta comparar tematicamente o seu “Playtime”, de 1966, com o pouco citado: “Em Busca de Um Homem”, dirigido por Tashlin em 1957.

As soluções para as gags visuais são, como em todos os trabalhos do diretor, puro desenho animado, pedindo ao público total suspensão de descrença. A cena mais lembrada é, tenho certeza, uma criação de Lewis, o concerto na imaginária máquina de escrever, um conceito brilhantemente simples, executado com maestria. Gosto muito também da minimalista reação dele ao encarar as pinturas das rabugentas esposas da família Tuttle. O roteiro inventa vários momentos complexos e movimentados, porém, a genialidade está mesmo nas cenas menores, como uma ambientada dentro do elevador, com Norman, sua namorada e o pai dela. Não me canso de rever essa comédia que fez parte da minha infância.

* O filme está sendo lançado em DVD pela distribuidora "Classicline", com a opção da dublagem clássica em português.


sábado, 13 de maio de 2017

Segunda foto oficial das filmagens do curta "Se"


Argumento/Roteiro/Direção: Octavio Caruso

Direção de Fotografia: Sihan Felix
Direção de Arte: Cristina Caruso
Edição/Montagem: Sihan Felix
Maquiagem: Vanessa Caruso
Trilha Sonora: Sihan Felix
Fotos: Vanessa Caruso
Arte do pôster e banner: Laísa Roberta Trojaike

Elenco: Octavio Caruso, Mônica Foroni, Eduardo Doria, Tereza Filardy e Cristina Caruso. 

Produção: Coletivo Dacine

quarta-feira, 10 de maio de 2017

Primeira foto oficial das filmagens do curta "Se"


Argumento/Roteiro/Direção: Octavio Caruso

Direção de Fotografia: Sihan Felix
Direção de Arte: Cristina Caruso
Edição/Montagem: Sihan Felix
Maquiagem: Vanessa Caruso
Trilha Sonora: Sihan Felix
Fotos: Vanessa Caruso
Arte do pôster e banner: Laísa Roberta Trojaike

Elenco: Octavio Caruso, Mônica Foroni, Eduardo Doria, Tereza Filardy e Cristina Caruso. 

Produção: Coletivo Dacine

sábado, 6 de maio de 2017

"Carta de Uma Desconhecida", de Max Ophüls


Carta de Uma Desconhecida (Letter From An Unknown Woman - 1948)
Louis Jourdan vive Stephan Brand, que no passado havia sido um pianista renomado e muito respeitado na Viena de 1890. Após se envolver com uma mulher casada, tenta fugir da cidade e evitar o marido traído que o havia desafiado para um duelo. Porém antes de realizar seu intento, recebe de seu empregado uma carta que havia acabado de chegar. A carta fora escrita por uma jovem chamada Lisa (Joan Fontaine), de quem ele não guarda nenhuma lembrança. O seu relato provoca a chocante revelação de fatos que até então lhe eram desconhecidos e que terão graves consequências sobre seu destino.

O diretor cria uma obra romântica ao som de Liszt, Mozart e Wagner, tão sensível que consegue deixar ao final um sentimento de melancolia no público, tão grande quanto o de seu trágico protagonista. Ele pinta para nós em flashback o retrato perfeito daquela jovem apaixonada, que via em Brand o seu amor inalcançável. Sua admiração pelo fato dele ser um pianista famoso e requisitado, o encanto que a sua música provocava naquela jovem humilde que ele sequer sabia o nome. A beleza da fotografia do ótimo Franz Planer demonstra que o puro brilhantismo se encontra nas sutilezas, nas sombras bem colocadas. Com o posicionamento de câmera perfeito de Ophüls, criam cenas que são verdadeiras pinturas emolduradas.

A história simples e a maneira genial como é contada são os motivos que fazem de “Carta de uma Desconhecida” o meu filme favorito do diretor alemão. Inexplicavelmente uma obra ainda pouco conhecida do grande público, mas que apaixona a todos que se dedicam a conhecê-la. Poucos filmes conseguiram ser tão sensíveis quanto este belo trabalho do cineasta alemão Max Ophüls.

sexta-feira, 5 de maio de 2017

"As Façanhas de Hércules", de Pietro Francisci


As Façanhas de Hércules (Le Fatiche di Ercole – 1958)
Hércules, o semideus da mitologia greco-romana, protagonizou o primeiro filme de super-heróis da história do cinema. Personagens com poderes especiais já haviam tido espaço generoso nos seriados das matinês, nas tiras de jornais, mas o italiano “As Façanhas de Hércules”, dirigido por Pietro Francisci, foi o primeiro projeto para cinema dedicado ao tema.

O fisiculturista Steve Reeves, ídolo de Sylvester Stallone, Arnold Schwarzenegger, Lou Ferrigno e Gordon Scott, entre outros, apesar de sua incrível incompetência como ator, salvou a indústria cinematográfica de seu país ao inaugurar o subgênero Peplum, termo utilizado para as túnicas da Grécia antiga, aproveitando o interesse mundial despertado por filmes estrangeiros como “Quo Vadis”, “O Manto Sagrado”, “Spartacus” e “Os Dez Mandamentos”. A primeira diferença gritante, o orçamento era dinheiro de pinga, os produtores reutilizavam cenários e figurinos das produções norte-americanas que eram filmadas lá, abusando do erotismo e compensando os roteiros problemáticos com a elegância criativa da fotografia de mestres como Mario Bava, que se tornaria um dos diretores mais respeitados, o pai do Giallo.

O sucesso de público atravessou fronteiras, com a ajuda do produtor Joseph Levine, que apostou na obra e a distribuiu no mercado norte-americano, estimulando a produção de vários projetos similares, quase todos medíocres, criando uma onda de interesse mundial por fisiculturismo, até que o fracasso retumbante de “Cleópatra” e “A Queda do Império Romano”, em meados dos anos sessenta, colocou um ponto final no gênero. Os italianos reviveram a época áurea anos depois, subvertendo a figura mítica do cowboy em seus Spaghetti Westerns.

terça-feira, 2 de maio de 2017

"Guardiões da Galáxia, Vol. 2", de James Gunn


Guardiões da Galáxia, Vol. 2 (Guardians of the Galaxy, Vol. 2 – 2017)
O primeiro havia funcionado exatamente por ser um ponto fora da curva na fórmula desgastada (para qualquer pessoa acima dos doze anos de idade) do universo Marvel no cinema, o foco estava na trama e na construção dos personagens, apoiando o humor no carisma de seu elenco. No Volume 2 não há foco narrativo, o ritmo se arrasta bastante no segundo ato, o humor, com poucas exceções, soa forçado e tolo, como nas piadas repetitivas sobre a aparência, ou o apelido de alguém, infantilizando ainda mais o material que, em essência, já é direcionado ao público infanto-juvenil.

Até mesmo a seleção musical, muito inspirada no original, não soa orgânica desta vez, ou, nas vezes em que acerta, peca na execução, na integração da canção à cena. O resultado é divertido, intensamente agitado, com colorido vibrante, mas o fiapo de conflito estabelecido não se sustenta, a necessidade de abrir várias possibilidades para os próximos projetos enfraquece aquilo que deveria ser o sólido pilar emocional do filme: o relacionamento entre Peter Quill (Chris Pratt) e seu pai (Kurt Russell). E, após uma mínima evolução nesse sentido, utilizando cenas expositivas pouco engenhosas, sem nunca se aprofundar de forma madura nas consequências psicológicas do afastamento no filho, caminho que parecia ser natural com a escolha feita no início do anterior, o roteiro preguiçoso decide resolver a questão da forma mais convencional possível.

A utilização excessiva de Drax (Dave Bautista) como recurso cômico, algo bem equilibrado no anterior, faz com que sua figura se torne apenas patética, uma caricatura desprovida de alma, atraente para o público infantil, mas irritante para os mais velhos. Como definir a presença inglória de Sylvester Stallone? Um personagem desinteressante que é plantado na trama sem muito cuidado, utilizado rapidamente, sem brilho, na expectativa de que terá alguma função relevante no futuro. Ele pode ser importante nos quadrinhos, mas o roteiro, componente maltratado em nove entre dez aventuras adaptadas dos quadrinhos, precisa tornar ele minimamente importante no filme. É curioso que, em um produto tão mercadologicamente calculado, o único elemento que verdadeiramente funciona é o pequeno Groot (voz de Vin Diesel), adorável agente do caos.