Quando somos crianças, realmente sentimos medo nos filmes de terror. Fechamos os olhos em algumas cenas, para conseguirmos dormir sozinhos depois. Tememos a escuridão e achamos que alguém nos vigia em algum canto do quarto. Crescemos e o medo some. Continuamos gostando do gênero, mas se alguma cena nos causar um leve arrepio ou um susto, já nos damos por satisfeitos. As lembranças daquela sensação perdida no tempo, em meio aos deveres escolares e primeiros flertes, sempre me levam de volta à infância. Como são memórias muito vivas em minha mente, decidi fazer um TOP das cinco primeiras vezes em que realmente fiquei apavorado com o gênero. A lista não está em ordem de preferência. Caso queira, sinta-se à vontade para fazer sua lista nos comentários. Vamos voltar no tempo...
1- A Hora do Espanto (Fright Night – 1985)
A primeira vez que me lembro de ter sentido medo com um filme do gênero foi aos cinco anos, assistindo na televisão a cena onde Evil Ed (Stephen Geoffreys) é perseguido pelo vampiro (Chris Sarandon), caindo em um beco sem saída. Eu provavelmente nem estava entendendo a trama, mas a aparição do vampiro atrás do garoto me fez pular da cadeira.
2- Bala de Prata (Silver Bullet – 1985)
Eu devia ter por volta de sete anos. Nessa época eu já
entendia totalmente as tramas. Esse filme foi um trauma na minha infância. A
trilha sonora de Jay Chattaway me deixava perturbado, tamanho era o contraste
entre a sua serenidade e a crueza de certos elementos no roteiro. O personagem
principal ser paralítico e o lobisomem ser um padre, além da sutileza com que
as melhores cenas eram trabalhadas, deixavam-me ainda mais impressionado. Eu
ficava apavorado na cena em que o padre (Everett McGill) caolho procurava o
menino (Corey Haim) num galpão (minha memória pode estar falhando, mas acho que
era um galpão), andando lentamente e se abaixando para tentar vê-lo em meio ao
entulho. E, claro, fechava os olhos quando se aproximava da cena final, quando
a câmera ia chegando perto do corpo desfalecido do lobisomem.
Como agradeço hoje aos meus pais por não terem me criado,
quando criança, afastado dos filmes de terror. Sempre me ensinavam que aquilo
era tudo maquiagem e truques, não era real. Lições simples que todos os pais deveriam
legar aos filhos. Eu assisti “A Mosca” pela primeira vez aos cinco anos, mas
poderia dizer que não assisti, já que passava a maior parte do tempo com os
olhos fechados. Perguntava pra minha mãe: “Já passou a cena?”. Se ela dissesse
que sim, somente então eu abriria os olhos. Era um medo misturado às
gargalhadas que dávamos, com cada imagem medonha que aparecia subitamente na
telinha. Depois de várias reprises foi que consegui realmente assistir ao
filme. Mas eu me recordo vividamente o quanto me perturbava, nos anos seguintes,
ligar a televisão de madrugada e dar de cara com o Jeff Goldblum. Não saberia
dizer uma única cena que me apavorava mais. Qualquer uma em que ele aparecia,
mesmo como ser humano, já me deixava inquieto.
4- A Coisa (The Stuff – 1985)
Por mais que esse filme passasse à tarde no "Cinema em Casa" do SBT, ele tinha cenas bastante pesadas. o
momento que me deixava apavorado era um dos poucos que não envolvia nenhum
efeito visual. A cena em que os pais do menino pressionavam-no para comer “A
Coisa” o creme de barbear. A tensão era insuportável.
Imagine a cara da atendente da locadora ao ver um menino de
sete anos discutindo com o pai para que ele alugasse pela vigésima vez um
filme sobre cenobitas do inferno, prazer e dor, em suma: Clive Barker. Eu
adorava tanto esse filme, que uma vez cheguei a pedir de presente de Natal um
daqueles cubos. Eu me lembro de ficar numa felicidade extrema ao encontrar na
banca de jornal uma revista em quadrinhos com o Pinhead na capa. Comprei na
hora, para espanto do jornaleiro. Qualquer cena que insinuasse a presença do "homem sem pele" (como eu chamava na época) dentro do quartinho escuro, já me deixava completamente apavorado. Terror foi meu gênero favorito durante grande
parte da minha infância e pré-adolescência. Estudava sobre o gênero e andava
para todo lado com um ótimo “Guia de Vídeo – Terror”, lançado pela Editora
Escala. Perdi a conta de quantas vezes eu lia e relia aquele guia, que
utilizava em minhas garimpagens nas locadoras da região.